Cantor fala sobre a luta por acessibilidade no Refrão
O Brasil tem hoje mais de 24 milhões de pessoas com deficiência ou algum tipo de incapacidade. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. O Refrão desta semana é dedicado a elas. O artista convidado é Niltinho Legal, cantor e professor de música que, por causa de uma poliomielite na infância, ficou paralítico das pernas e perdeu parte dos movimentos do braço direito. Com base na própria história de vida, Niltinho fala sobre acessibilidade, preconceito e expectativas de quem tem algum tipo de deficiência. Por causa do tema em debate, a música escolhida pelo artista para o programa é "Guerreiro", do compositor Luciano Mendes. Segundo Niltinho, a canção é um incentivo às pessoas com deficiência, como deixam claro os versos: "Quando se acredita, tudo pode transformar. Creia em tudo aquilo que um dia se sonhou. Não deixe se levar por quem não te deu valor".
Embora o Brasil tenha normas específicas sobre os Direitos das pessoas com deficiência, como o decreto 5.296/04 - que garante prioridade de atendimento para elas e estabelece os critérios básicos para a promoção da acessibilidade, Niltinho reclama da falta de aplicabilidade do que está no papel: "Existe um sistema que está na teoria, mas na prática não funciona ainda. Se as leis existem, porém, a gente tem que cobrar pra que aja mudança", conta.
Izabel Maior, que também tem deficiência física e está à frente da Corde - Coordenação Nacional de Integração da Pessoa com Deficiência (órgão ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República), acredita que a falta de capacitação e vontade de todos os agentes envolvidos na discussão é mais um entrave: "Nós ainda temos a sensação de que a pessoa com deficiência está invisível - um lojista muitas vezes se dirige à pessoa que está com ela pra perguntar o que ela quer. E isso demonstra a falta de capacitação desse trabalhador. Por outro lado, também cabe à pessoa com deficiência sensibilizar a sociedade. Já o governo, é responsável pelas campanhas educativas porque são elas que apagam a imagem negativa das pessoas com deficiência. O que nós temos que fazer então, é uma das transformações mais difíceis: a cultural", explica Izabel.
Sobre as expectativas das pessoas com deficiência, Niltinho é objetivo: "o que a gente quer é o nosso espaço, sem atropelar o de ninguém; e respeito, como a gente respeita os outros. A busca da gente é justamente essa: ser bem compreendido, conviver bem com as pessoas, ter os nossos direitos respeitados, em qualquer lugar, seja no banco ou no ônibus."
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