Música traz desabafo de um migrante cheio de saudade da terra natal
O Brasil tem mais de 192 milhões de habitantes. Um terço deles - aproxima-damente 64 milhões, não vive onde nasceu. São pessoas que deixaram o país ou mudaram de estado, o que é mais comum em solo brasileiro. É a chamada migração interna, que se deve principalmente à busca por trabalho e melhores condições de vida. Essa luta do migrante é o tema do Refrão desta semana.
A canção escolhida é "Conterrâneos". Composta pelos irmãos Clodo, Climério e Clésio Ferreira, a música é um desabafo de um migrante cheio de saudade da terra natal. A canção também faz parte de "Conterrâneos Velhos de Guerra" - um filme sobre as duras condições de trabalho que os primeiros operários enfrentaram em Brasília. Em nosso programa, a canção é interpretada e discutida pelos artistas Ana Reis e João Ferreira, filho de Clodo.
Experiências de migração, saudade da terra natal, e a sobrevivência em lugares desconhecido, são assuntos que os dois artistas conhecem por experiência própria. A brasiliense Ana Reis já morou em Campinas e João Ferreira, que também nasceu na capital do país, retornou de São Paulo no ano passado. Segundo João, o retorno à cidade natal é sempre aguardado com ansiedade: "A música mostra que partir é uma necessidade e não um querer, e que a saudade da terra natal está em tudo". Ana Reis reforça a opinião do filho de Clodo, mesmo que o novo estado ofereça melhores oportunidades profissionais: "só da convivência da família, dos amigos, a gente já se sente bem de novo".
Além de saudade e mercado de trabalho, o Refrão também explica os procedimentos da Justiça caso um migrante cometa crimes na cidade onde está de passagem. Segundo o advogado Asdrúbal Júnior, ele responderá o processo lá mesmo, ou seja, mesmo que tenha planejado voltar à terra natal, não poderá sair do local onde crime aconteceu sem autorização de um juiz. O processo também permanece no local do delito porque, segundo Asdubral Júnior, é lá que existe todos os elementos necessários ao andamento do processo, como provas e testemunhas.
Confira a letra da canção:
Conterrâneos
O amor também tem aspereza
Faz chorar
Toda brisa que me beija
Vem de lá
Quando se parte de um lugar
Sem querer Parte-se um pouco de tudo
Fica-se um pouco por lá
Tão nordestino é o desatino
De sonhar
De construir casa e destino
Sem morar
Tão carregado de esperanças
Ao partir
Pensando que a hora da volta
Já está pra chegar
Saudade chega no cheiro da moça
Chegada recente
Saudade chega na fala do moço chegado de lá
Saudade chega no pingo da chuva que cai de repente
Saudade chega no claro do dia de qualquer lugar
De qualquer lugar
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