Refrão discute o direito dos presos na música "Cordas de Aço"
O Refrão desta semana recebe o compositor Clodo Ferreira. Nascido no Piauí, ele começou a carreira nos anos 60. Junto com os irmãos formou o trio Clodo, Climério e Clésio. Os três gravaram mais de sete discos juntos. Ao longo da carreira, Clodo conheceu Fagner, que se tornou seu grande parceiro de músicas. Juntos compuseram a canção "Corda de Aço", tema do Refrão desta semana. "É uma música que diz muito a respeito da estética da época. Era uma época muito pesada, as letras eram pesadas. No final da década de 70, início dos anos 80 as letras eram muito fortes. Tinha um clima pesado. A estética da juventude era pesada, não era uma coisa leve, uma coisa dançante. Era uma coisa mais reflexiva", diz Clodo referindo-se à época da ditadura.
A canção fala dos limites do ser humano, de como o homem tem que superar suas limitações. Na entrevista, Clodo conversa com a jornalista Noemia Colonna sobre os direitos dos presos, que ficam anos trancafiados numa cela tendo os direitos humanos violados. Nesse contexto surge a dúvida sobre como um juiz decide se uma pessoa deve ir ou não para a cadeia. Quem responde à essa pergunta é a advogada penal Mariana Melucci, que também participa do programa. "Em tese o que o magistrado tem que fazer quando vai dar um decreto condenatório é se ater àquela realidade que existe nos autos e tentar ao máximo se despir de seus preconceitos pessoais, da sua visão pessoal, dos seus anseios pré-constituídos acerca daquela matéria. O que ele deve fazer é aplicar a lei àquele caso concreto, buscando a melhor adequação da norma. E todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, sobe pena de nulidade," explica a advogada.
Atualmente o Brasil tem uma população carcerária de 473.600 pessoas. Desse total, 152 mil são presos provisórios, ou seja, aguardam decisão da justiça para saber ser vão de fato continuar presos ou não. A música "Corda de Aço" é uma composição de 1976, gravada por Fagner no LP "Raimundo Fagner".
Confira a letra da canção
Corda de Aço
(Fagner / Clodo)
Não sei a cor do perdão
Nem o peso da pedra do sacrifício
Só sei que quando estou só
Sinto na pele
Que meu abrigo
Pode ser o precipício
Não sei quem chora por mim
Quem inocentemente me condena
E olhando a cara fria do silêncio
Tudo que faltar a gente inventa
Voz pra cantar
Corda de aço
Corda de aço desfiada
Minha vida
Só é vida porque sei
Que ela será sempre apaixonada
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