domingo, 4 de julho de 2010

Programa Refrão

Refrão recebe a batida do samba do Monobloco

O Refrão desta semana apresenta o grupo Monobloco. Formado em 2000, tem repertório eclético, que viaja entre samba, xote e pop - sempre fiel ao batuque da bateria. No programa eles tocam a música "Alagados", da banda Paralamas do Sucesso. A canção faz um retrato da dura realidade da vida nas favelas brasileiras, mais especificamente nas cariocas. Na entrevista com Noemia Colonna, eles falam que a letra dessa música, escrita nos anos oitenta, ainda continua bastante atual. "O Hebert Vianna, quando escreveu "Alagados", quis fazer uma crítica à sociedade de uma forma geral e, infelizmente, atemporal, no caso do Brasil. "A gente convive o tempo todo com um desnível social aqui no Brasil e acho que pelo fato da mistura do povo brasileiro, a gente se adapta muito rápido às situações, tanto boas quanto ruins", afirma C.A Ferrari, repique do grupo.

O Monobloco é formado por 150 integrantes, que participam de oficinas de percussão ao longo do ano. Na música "Alagados", eles transformaram os acordes em batidas de samba para falar das favelas do mundo: Trenchtown, na Jamaica; favela de Alagados, em Salvador; e favela da Maré, no Rio de Janeiro. "A pior miséria é quando a pessoa mora numa favela e não tem o mínimo, que é saneamento básico, educação, cidadania", conta Celso Alvim, que fica na regência, repique e agogô do Monobloco.

Na entrevista eles comentam o trecho da música "...a arte de viver da fé, só não se sabe fé em quê". Celso lembra que, apesar da difícil vida nas favelas, o brasileiro, por natureza, é um povo solidário, e que a fé está também na amizade. "Um traço bacana do povo brasileiro e que é muito presente nas comunidades (das favelas) é a solidariedade. A galera faz um mutirão para bater uma laje, construir uma casa, ou quando alguém perde tudo, "neguinho" dá um jeito e ajuda ali. Isso é bacana".



Confira a letra da canção

ALAGADOS
Paralamas do Sucesso
Hebert Vianna / Bi Ribeiro

Todo dia o sol da manhã
Vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não o queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos
Num cartão postal
Com os punhos fechados na vida real
Lhe nega oportunidades
Mostra a face dura do mal

Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Vem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê

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