domingo, 11 de julho de 2010

Programa Refrão

Refrão discute direitos dos índios na música de André Porto

No Refrão desta semana você vai conhecer um gaúcho que morou por muitos anos no norte do Brasil, mas acabou fazendo sucesso em Brasília. André Porto lançou no ano passado seu primeiro CD: Casa Verde. Mas a música que marcou sua carreira, foi composta quando ele tinha 20 anos - "Nossa Aldeia" - que conta um pouco sobre a convivência entre brancos e indígenas, os preconceitos e o respeito às tradições desses povos.

A canção fala sobre uma sociedade que, descendendo dos indígenas, tem sua identidade "misturada" e por isso o preconceito ainda é uma realidade. "Você vê nas cidades grandes índios vendendo artesanato, índios pobres; mas eles querem melhoria de vida," argumenta o compositor. A advogada indigenista Melissa Curi, também está no Refrão e reforça a necessidade de buscar caminhos que promovam a manutenção da cultura indígena. "A sociedade acha que os índios têm muitos direitos".

Quem também participa do Refrão é Mateus Terena, que explica as razões pelas quais os indígenas saem da tribo para morar nas cidades, e adianta que no Brasil ainda faltam políticas sociais que valorizem a cultura do índio. Outra dificuldade é o desrespeito à terra dos índios, onde madeireiros e garimpeiros, por exemplo, invadem áreas e retiram o que, por direito, pertence à nação indígena. Mais recentemente, a terra Raposa Serra do Sol foi alvo de disputa no Supremo Tribunal Federal, que determinou a saída de todos os não índios do local, confirmando o reconhecimento dos direitos territoriais históricos dos povos indígenas que habitam a área.


Confira a letra da canção

Nossa Aldeia (André Porto)

Eu conheci a tribo mesmo sem ir para lá
Eu visitei a tribo mesmo sem viajar
Eu enxerguei os índios mas não os vi pescar
A índia ganhou filho mesmo sem se agachar
Conheci uma indiazinha bela
Sentada bem ali, debaixo do outdoor
Chama o índio lá na esquina e faz a roda ali no chão
Mostro o canto da cidade ao pioneiro da nação
Aos pouquinhos toda a tribo senta para observar
Chamo agora o meu vizinho mais recente para cantar
Vi índio correndo, mas não tava a pé
Nem era mata adentro, nem no igarapé
Meu bisavô foi índio tupi-guarani
Vi índio correndo de Cherokee
Égua linda da cabocla, filha dos parkatejê
Índia bela como essa, coisa rara de se ver
E o pai dela é um cacique em Marabá
E homem branco ali não pode encostar
Chama o índio lá na esquina e faz a roda ali no chão
Mostro o canto da cidade ao pioneiro da nação
Aos pouquinhos toda a tribo senta para observar
Chamo agora o meu vizinho mais recente para cantar
Nossa aldeia, nossa aldeia, nossa aldeia...

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